segunda-feira, 18 de abril de 2011

DEFESA PROFISSIONAL

Do informativo CBC São Paulo dezembro de 2010, artigo do Dr. Albino Sorbello, cirurgião Paulista, ex-presidente da SOBRACIL e professor do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia Minimamente Invasiva do CETREX - Brasília, DF
O que pensar e em e em que acreditar?
TCBC Albino Sorbello
Diretor do Departamento de Videocirurgia do Capitulo de São Paulo do CBC

O ato médico-cirúrgico, que inicia por ocasião em que um cliente (paciente) procura um cirurgião (mais paciente) para tratar de seu problema físico (doença) através de nossa medicina (conhecimento), está cada vez “mais difícil ser executado”. Esta frase “mais difícil ser executado” implica em divagações de interpretações dentro de nossa rica língua Portuguesa. Supomos inicialmente que estejamos falando em dificuldades no conhecimento e capacitação do médico que não consegue acompanhar os freqüentes avanços das tecnologias necessitando treinamentos e atualizações constantes. Este fato não tem sido constatado como uma verdade plena pois, respeitando os dizeres de nosso Código de Ética:
Artigo 2ª (pg.3) – O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo zelo e o melhor de sua capacidade profissional.
Artigo 5º (pg. 3) – O médico deve aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente.
Artigo 8º (pg. 3) – O médico não pode, em qualquer circunstância, ou sob qualquer pretexto, renunciar a liberdade profissional, devendo evitar que quaisquer restrições ou imposições possam prejudicar a eficácia e correção de seu trabalho.
Artigo 16º (pg. 3) – Nenhuma disposição estatutária ou regimental de hospital, ou instituição pública,
ou privada poderá limitar a escolha, por parte do médico, dos meios a serem postos em prática para o estabelecimento do diagnóstico e para a execução do tratamento, salvo quando em benefício do paciente.
As Associações Médicas cobram esta constante atualização de seus associados para as renovações dos
Títulos de Especialistas. Assim encontramos médicos se atualizando em reuniões em Centro de Estudos Hospitalares, em Congressos regionais, estaduais, nacionais e internacionais no Brasil ou no exterior ou fazendo estágios e sempre se aprimorando “para o melhor servir”. Terminada a avaliação clínica em nível ambulatorial é que nos deparamos com um cliente (paciente) e um médico (mais paciente)
na situação “de difícil execução”.
a) Solicitar guia ao convênio para dar continuidade ao tratamento - as interpelações de profissionais que julgam o médico e necessitam dias (após horas de espera no telefone) para julgar a sua competência e não raro o esclarecimento deste diagnóstico, com a exigência de solicitações de exames complementares desnecessários (ultrassonografia para hérnias, particularmente as umbilicais e ínguinoescrotais), para autorizar o seu livre exercício da profissão em prol do doente que lhe procurou para tratá-lo.
As propostas para não executarmos os procedimentos neste ou naquele hospital escolhido entre o paciente
(cliente) e o mais paciente (médico), por não serem favoráveis economicamente a seguradora.
Não liberação de materiais julgados necessários ao tratamento pelo mais paciente (médico) solicitando realizá-los sem os mesmos, implicando em prejuízo da técnica e do resultado final do tratamento.
Nestas duas últimas citações existe o reforço de podermos operar com os materiais solicitados, desde que seja em outro hospital, pois existe um pacote de valores já estabelecido em custo efetivo menor.
b) Aqui mais um capítulo para os mais pacientes (médicos) que avaliando contas hospitalares de alguns pacientes (clientes) conseguem constatar o deságio em materiais de uso único, acima dos limites que estão publicados nas tabelas oficiais existentes no Brasil de preços mínimo e máximo acarretando este desconforto entre: as seguradoras - os clientes (pacientes) – e os médicos (mais pacientes).
Após a trabalhosa obtenção da referida autorização (previamente solicitada e aprovada) os setores comerciais administrativos e os auditores das seguradoras tem cobrado ainda dos médicos (mais pacientes) outros tantos relatórios tendo que alegar ter usado determinado material no referido cliente (paciente).
Alguns raros hospitais em respeito ao seu Corpo Clínico, ao negociarem o atendimento a seus segurados
já estabelecem que seus médicos têm caráter e profissionalismo e desobrigam seu Corpo Clínico passar por mais este desagrado. No entanto, a maioria dos outros hospitais, estão atribuindo a seus funcionários administrativos ou aos dos Centros Cirúrgicos a responsabilidade de impedir ao médico (mais paciente) utilizar o que ele tem necessidade prejudicando o cliente  (paciente) de ser tratado com o melhor da tecnologia e do conhecimento que o médico (mais paciente) se esforçou por adquirir. Nós médicos (mais pacientes) temos que iniciar um procedimento operatório com instabilidade emocional desencadeada por um sistema de delegação de irresponsabilidades que culminam com uma ordem do circulante de sala que nós não poderemos exercer o melhor de nossa profissão ao nosso cliente (paciente). Não raras vezes após tumultuados discursos iniciamos a cirurgia desgastados e estressados quando deveríamos estar concentrados para o melhor desempenho. Pergunta-nos freqüentemente: onde está a Ética destes profissionais nesta escala de valores e de responsabilidades finais, que está intimamente relacionada com a capacitação, dedicação e concentração do médico-cirurgião (mais paciente)?.
c) Nos últimos meses estamos vivendo um novo assédio, obviamente só por telefone para que não existam documentos e registros, pois quando solicitados por escrito não são a nós encaminhados, que é o
fato de não podermos executar cirurgias por via laparoscópica para procedimentos mundialmente executados por profissionais treinados e capacitados. Dentre alguns procedimentos videocirúrgicos mais
bloqueados estão algumas operações cólon-proctológicas; doença do refluxo-gastro-esofágico e hérnias
ínguino-femurais e de parede abdominal (incisionais). Em um hospital de Guarulhos (SP) nos foi apresentado que as cirurgias convencionais (abertas) estão sendo mais remuneradas pelo SUS do que as videocirurgias, desestimulando os métodos minimamente invasivos cujo benefício ao cliente (paciente) é cientificamente bem documentado e conhecido. O confronto de algumas imposições de elementos da nossa sociedade civil (mercantilista) com as normas éticas controladas pelo Conselho Federal e Regional de Medicina provoca uma situação em que nos sentimos como verdadeiros “mariscos” (mais paciente) juntamente com nossos clientes (pacientes) na luta entre o mar e os rochedos. “O que pensar e em que acreditar” para voltar um dia a sermos como Hipócrates e seus seguidores e podermos exercer a nossa profissão de maneira digna de orgulho, de sabedoria e de humanismo (mais paciente) aos que de nós como semelhantes necessitam (pacientes), respeitando nosso juramento Hipocrático e não como hipócritas nas mãos de terceiros?
O CBC enquanto entidade congregadora, entende, se preocupa,valoriza e cuida da “pérola preciosa” contida na consciência de seus Cirurgiões (mais pacientes).

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