segunda-feira, 28 de junho de 2010

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM HERNIOPLASTIAS VÍDEO-ENDOSCÓPICAS DA PAREDE ABDOMINAL



Dias 09 e 10 de julho reservam lugar para mais um Curso de Extensão em hernioplastias Vídeo-endoscópicas da Parede Abdominal. Atividade científica de grande expressão acadêmica e já tradicional na agenda gaúcha, o curso é chancelado pelo Instituto de Educação e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento. Com o patrocínio da Covidien e Jomhédica Norte, o curso objetiva revisar os principais aspectos do tratamento atual das hérnias inguinais e incisionais com ênfase nas técnicas minimamente invasivas. Este ano, o curso contará com a presença do Dr. Sergio Roll de São Paulo, pioneiro brasileiro nas hernioplastias vídeo-endoscópicas e do Dr. James Skinovsky, Professor Titular de Cirurgia da Universidade Positivo do Paraná. Na sexta-feira dia 09 de julho será realizado o programa teórico. Já no sábado dia 10 de julho ocorrerão as cirurgias ao vivo com transmissão para o auditório do IEP dentro do Hospital Moinhos de Vento. Estão programadas a realização de uma hernioplastia inguinal vídeo-endoscópica por técnica trans-peritoneal, duas por técnica extra-peritoneal (com balão e sem balão), uma hernioplastia inguinal aberta com novas telas que não necessitam fixação com pontos ou grampos e uma hernioplastia incisional. O evento é coordenado pelo Dr. Leandro Cavazzola, Professor do Curso de Pós Graduação em Cirurgia Minimamente Invasiva do IEP-Hospital Moinhos de Vento.
Informações & Inscrições Instituto de Educação e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento
Fone: (51) 3314.3690 com a Sra. Lisiane ou Fabiana

ATIVIDADE CIENTÍFICA INTER-DISCIPLINAR NO CONGRESSO DA SOBRACIL 2010

Idéia desenvolvida inicialmente no Congresso Sul-Brasileiro de Videocirurgia em Gramado em 2004 e estabelecida no Congresso Brasileiro de 2007 em Bento Gonçalves, o espaço para atividades de interesse afim para as todas as especialidades do Congresso vai se repetir no Congresso Brasileiro de Videocirurgia da SOBRACIL de 2010 em agosto na cidade de Salvador, BA.
Os temas propostos são ética, robótica, trombo-embolismo, cirurgia segura e metabolismo cirúrgico.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

MORRE UM DOS MAIORES CIRURGIÕES BRASILEIROS

  Ícone da Cirurgia Digestiva Brasileira, fundador do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva e Professor Titular de Cirurgia da Universidade de São Paulo, morreu nesta segunda-feira dia 21 de junho de 2010, o Prof. Henrique Walter Pinotti. Apesar de estar no núcleo da introdução da videocirurgia no Brasil, o Prof. Pinotti não chegou a evoluir como destacado videocirurgião, porém alguns dos seus discípulos como o Dr. Carlos Domene e o Dr. Thomaz Szego figuram como expoentes da história da videocirurgia brasileira e em plena atividade profissional.
Segue mensagem distribuída pela direção do CBCD

É com grande pesar que noticiamos que, nesta manhã de segunda-feira, o falecimento do o Prof. Dr. Henrique Walter Pinotti.
Esta é uma triste noticia porque certamente o Brasil, o Estado de São Paulo, a Gastroenterologia e a Medicina Brasileira perde um médico exemplar, um Professor de Medicina, uma pessoa humana de grande valor e um exemplo para os mais jovens.
O Professor Pinotti entre as muitas contribuições científicas que fez durante toda a sua vida acadêmica, foi o fundador do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva. Foi também um dos idealizadores do GASTRÃO - hoje um evento de destaque no cenário da Gastroenterologia Nacional. E também o idealizador do NETGASTRO - curso nacional de Telemedicina, que hoje divulga aspectos desta especialidade, faz reciclagem de conhecimentos e atualização da especialidade. Como Professor Titular de Cirurgia Digestiva, coordenou durante muitos anos a Área de Gastroenterologia Cirúrgica do Hospital das Clinicas e Faculdade de Medicina da USP-SP, e atualmente era um Professor Emérito desta Faculdade. Editou vários livros, foi autor de centenas de capítulos em livros, e autor e co-autor de quase 500 trabalhos publicados em revistas de impacto. Era membro de várias Sociedades Científicas no país e no exterior, tendo sido condecorado por várias Universidades na Europa e Estados Unidos, pelas suas contribuições à Cirurgia Digestiva. Muitas outras contribuições importantes poderíamos citar, e certamente sua vida é um compêndio a céu aberto.  Foi um lutador, um defensor e divulgador da Cirurgia Digestiva. Certamente é o descanso de um "guerreiro" ! Temos que continuar com as sua idéias e manter viva a sua imagem !
Enviamos nossos pêsames aos seus familiares.

MAIS SOBRE O MESMO

Durante o período de cerca de um ano em 2007, o nosso grupo de pesquisas em parceria com o Pós Graduação em Videocirurgia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da UFRGS (coordenada pelo prof. Carlos Afonso Beck) realizou vários procedimentos por acesso trans-gástrico em modelos canídeo e suíno. Primeiro procedimento NOTES realizado no estado do Rio Grande do Sul, contou com a parceria do Dr. Idílio Zamim Jr. e José Sanseverino (Endoscopistas) e Dr. Leandro Totti Cavazzola (Cirurgião), além da Dra. Fabiana Schiochet (Médica Veterinária). O trabalho não evoluiu pela falta de perspectiva de aplicabilidade clínica deste procedimento no presente momento, porém determinou linha de pesquisas em nível de pós-graduação.
Segue o resumo do pioneiro trabalho realizado

EXPERIÊNCIA INICIAL DE DESENVOLVIMENTO DE MODELO

EXPERIMENTAL PARA APLICAÇÃO DO NOTES


Autores:
Miguel Prestes Nácul, Idílio Zamim Jr., José Inácio Sanseverino, Carlos Afonso Beck, Fabiana Schiochet, Leandro Totti Cavazzola, Sergio Pioner, Guilherme B. S. Ribeiro, Laura Moschetti
Instituição: Curso de Extensão em Cirurgia Videolaparoscópica do Hospital Parque Belém, Porto Alegre, RS, e Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS


RESUMO

INTRODUÇÃO: Os autores analisam a sua experiência inicial com o desenvolvimento do NOTES em modelo experimental.
METODOLOGIA: Avaliamos a experiência do desenvolvimento do NOTES em modelo experimental em suínos e caninos, criado em parceria com o Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no qual o cirurgião e o endoscopista trabalham sempre em conjunto em estudos agudos.
RESULTADOS: Foram realizados seis procedimentos que visaram basicamente a orientação espacial e o desenvolvimento de técnicas para resolução dos problemas básicos da técnica. Videolaparoscopia diagnóstica, colecistectomia e biópsia hepáticas forma realizadas sempre com a utilização de apoio laparoscópico.
CONCLUSÃO: Mesmo ainda em fase experimental, apesar da publicação de alguns casos realizados em humanos, NOTES promete completar a evolução da cirurgia aberta à laparoscopia em direção a cirurgia sem cicatriz facilitando a recuperação do paciente, reduzindo a necessidade de anestesia, uso de analgésicos e melhorando o resultado cosmético. Assim, a aceitação dos pacientes para estes procedimentos pode ser ainda maior, o que justificaria o investimento de tornar este procedimento efetivo e seguro para ser acrescentado ao armamentário do cirurgião abdominal. A criação de um projeto que envolva estas duas áreas objetiva desenvolver o método em nível experimental, no sentido de avaliar o seu potencial para uso em pacientes humanos.


Segue artigo de opinião sobre o tema NOTES.

Natural Orifice Transluminal Endoscopic Surgery (NOTES) 
Remonta a idade antiga o interesse médico pela observação do interior do corpo humano. Até o século XX, a propedêutica se baseava apenas no exame físico. O médico poderia observar o interior do corpo humano apenas pelos seus orifícios naturais. A Endoscopia então nasceu com a ginecologia, pois a vagina foi o primeiro orifício a ser examinado através do uso de um espéculo. Diferentes médicos desenvolveram criativas formas de visualização da uretra, bexiga e útero. Entretanto, foi apenas no início do Século XX que, através
da adaptação dos avanços tecnológicos, foi possível o acesso ao interior da cavidade abdominal com instrumentos óticos, inicialmente pelo fundo de saco vaginal e posteriormente pela parede abdominal anterior.
A Laparoscopia evoluiu significativamente ao longo do século tornando-se método diagnóstico importante em especial na Ginecologia. Mais uma vez, a evolução tecnológica propiciou o desenvolvimento de equipamentos que por sua vez expandiram as possibilidades da técnica que passou de diagnóstica à terapêutica. A grande explosão do método ocorreu a partir do final da década de 80, através do desenvolvimento da Videocâmera e seu acoplamento a ótica laparoscópica. Em 1985, o Dr. Eric Mühe, na
Alemanha, realizou com sucesso a primeira colecistectomia por esta técnica. Estabeleceram-se então as condições que propiciaram o surgimento da Cirurgia Videolaparoscópica e sua rápida e espetacular
expansão, desencadeada em especial pela colecistectomia videolaparoscópica de Philippe Mouret, de Lyon na França em 1987, caracterizando talvez o maior avanço da cirurgia deste século. O advento da
Cirurgia Videolaparoscópica tem alcance não apenas na Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo, como também nas demais especialidades cirúrgicas. O desenvolvimento tecnológico com repercussão na qualidade e variedade cada vez maior dos equipamentos e instrumentais e o desenvolvimento técnico dos cirurgiões determinaram uma evolução muito rápida do método, o qual se tornou altamente especializado.
Também na área da endoscopia os últimos anos mostraram uma mudança dos paradigmas de uma ferramenta eminentemente diagnóstica em direção a um sofisticado método cirúrgico para a abordagem não somente do aparelho digestório, mas também da cavidade peritoneal e torácica.
  O NOTES (Natural Orifice Transluminal Endoscopic Surgery) é uma extensão da capacidade da endoscopia flexível de acessar órgãos fora da luz intestinal com objetivo diagnóstico e terapêutico, incluindo a
realização de procedimentos cirúrgicos como apendicectomia, colecistectomia e esplenectomia. Mesmo ainda em fase experimental, apesar da publicação de alguns casos realizados em humanos, NOTES pro-
mete completar a evolução da cirurgia aberta à laparoscopia em direção a cirurgia sem cicatriz facilitando a recuperação do paciente, reduzindo a necessidade de anestesia, uso de analgésicos e melhorando o
resultado cosmético. Assim, a aceitação dos pacientes para estes procedimentos pode ser maior o que justificaria o investimento de tornar este procedimento efetivo e seguro para ser acrescentado ao armamen-
tário do cirurgião abdominal. No processo de desenvolvimento do método é fundamental que não se repitam os erros cometidos no processo evolutivo da laparoscopia, em especial no que se refere a educação e
treinamento. Um fator complicador é que em princípio trata-se de um procedimento a ser realizado em conjunto com o Endoscopista e o Cirurgião que não tem tido muitos canais de comunicação, troca de
informação e treinamento. A criação de um projeto que envolva estas duas áreas objetiva desenvolver o método em nível experimental, no sentido de avaliar o seu potencial para uso em pacientes humanos.
  Referências bibliográficas:
1.Kalloo AN, Singh VK, Jagannath SB, Niiyama H, Hill SL, Vaughn CA, Magee CA, Kantsevoy SV
(2004) Flexible transgastric peritoneoscopy: a novel approach to diagnostic and therapeutic interventions. Gastrointest Endosc 60: 114-117.
2. Rao & Reddy (2006) Transgastric appendectomy in humans. No publication; presentation at World Congress of Gastroentrology, Montreal September 2006.
3. Park PO, Bergstrom M, Ikeda K, Fritscher-Ravens A, Swain P (2005) Experimental studies of transgastric gall bladder surgery: cholecystectomy and cholecystogastric anastomosis. Gastrointest Endosc 61: 601-606.
4. Kantsevoy SV, Hu B, Jagannath SB, Vaughn CA, Beitler DM, Chung SCC, Cotton PB, Gostout
CJ, Hawes RJ, Pasricha PJ, Magee CA, Pipitone LJ, Talamini MA, Kalloo AN. Per-oral transgastric
endoscopic splenectomy: is it possible? Surg Endosc (In press).
5. Wallace MB., Take NOTES (Natural Orifice Transluminal Endoscopic Surgery). Gastroenterology. 2006 Jul;131(1):11-2.

terça-feira, 8 de junho de 2010

SEGUE A CONTROVÉRSIA SOBRE PROCEDIMENTOS POR ORIFÍCIOS NATURAIS

  Em agosto próximo teremos mais um Congresso Brasileiro de Videocirurgia desta vez na cidade de Salvador, BA. Um dos cursos pré-congressos envolve as novas tecnologias: NOTES, Single-Port, Minilaparoscopia. Abaixo coloco artigo de opinião do Dr. Mário Victor Nogueira, cirurgião carioca, previamente publicado no informativo da SOBRACIL-RS. Apesar de ter sido escrito há alguns anos, o artigo feito como contra-ponto ao boom dos procedimentos por orifícios naturais, então muito debatidos e muito pouco realizados, persiste relevante. Os procedimentos NOTES não evoluiriam como (não) se esperava mesmo, muito em função da falta de soluções tecnológicas, aliadas aos complexos preceitos éticos envolvidos e o aparecimento (ou reaparecimento) de outras técnicas como o LESS Surgery e a Minilaparoscopia.
Divirtam-se!

NOSCAR?


         A idéia de passar pela vida sem cicatrizes é uma tolice em si mesmo, já que somos mantidos intra-útero pelo cordão umbilical que após cair, em torno de nossa primeira semana, nos deixa  indelevelmente marcados, por uma CICATRIZ UMBILICAL.
         Eva não tinha essa cicatriz e foi sedutora o suficiente para nos retirar do paraíso. Entretanto, Adão possuía uma cicatriz torácica, e não foi abandonado por Eva. Ao contrário, foi atraente o suficiente para ser seduzido por ela (tudo bem, ela não tinha opção).
         Por outro lado, houve e sempre haverá, uma evolução de hábitos e costumes, com mudança na valorização das coisas e fatos. “Um guerreiro exibe suas cicatrizes” diz o antigo provérbio. Hoje em dia um guerreiro talvez seja um “hacker” praticando guerras virtuais, sem cicatrizes visíveis.
No passado as pessoas, se escondiam sob metros e metros de pano. Com a evolução dos costumes, alguns hoje se exibem sob poucos centímetros de pano, ou pano algum. Nesse caso, uma cicatriz cutânea talvez tenha alguma importância.
         As principais cicatrizes que alguém pode exibir, não ficam em qualquer segmento de sua cobertura cutânea e sim em áreas de acesso absolutamente impossível aos outros, na alma, nos sentimentos, no coração, em situações imateriais, e no colédoco, no miocárdio, no encéfalo, na parede das artérias, e outros órgãos, em pessoas que tem uma vida vivida.
         O principio de preservação da parede, em casos de cirurgia abdominal, é nosso conhecido desde a criação do conceito de cirurgia de invasão mínima, que teve uma aceitação imediata e de crescimento estupendo, devido ao fato de realizarem-se as mesmas operações, sem mudarem-se conceitos de segurança e princípios da ciência cirúrgica, além de proporcionar melhor iluminação, melhor visibilidade, magnificação das estruturas e menor índice de complicações relativas ao acesso, ou seja, complicações da parede abdominal.
         Ora, e o resultado estético?
Em determinado momento não é o mais importante, embora de relevância individual, pois quem procura um cirurgião para tratar uma patologia e se preocupa como será o resultado estético de sua operação, deve ser informado pelo profissional da gravidade de sua doença, dos riscos inerentes ao ato cirúrgico, de seus resultados, e das possibilidades de não ser operado e aguardar a evolução de sua condição, nos casos em que é possível fazê-lo. Tais como, colelitíases sem colecistite, hérnias cujo sintoma é apenas um pequeno volume na virilha ou na região da cicatriz umbilical, DRGE em que o paciente pode preferir gastar seu dinheiro em remédios e endoscopias de repetição, cistos do ovário de aspecto benigno, sem crescimento continuado, entre outras. Todas essas, patologias de tratamento cirúrgico definitivo passível de postergação.
Em outras palavras: - O(a) sr(a). quer tratar sua doença ou uma complicação da mesma?
         Nos casos de Natural Orifice Translumenal Endoscopic Surgery – NOTES -, motivo da criação do Natural Orifices Surgery Consortium for Acessessment and Research – NOSCAR -, a parede abdominal/torácica não é violada e é deixada sem cicatrizes.
Entretanto, a ciência cirúrgica é violada em vários de seus princípios basilares, tais como a esterilização da cavidade peritoneal/torácica, a boa iluminação do campo operatório, a boa visualização das estruturas a serem operadas e de sua vizinhança, a fim de evitar-se lesões iatrogênicas. É violada no controle do campo cirúrgico e da hemostasia.
Na verdade, a cirurgia trans-endoscópica sequer é novidade. É só vermos as polipectomias, as papilotomias, as ressecções de pequenos tumores, as colocações de prótese, as dilatações, realizadas sem necessidade de abrirmos a cavidade abdominal dos pacientes, como no passado.
         As cicatrizes sempre foram uma preocupação dos cirurgiões, pois na verdade representam a cobertura do que foi feito em seus pacientes. Em meu meio, havia um antigo aforismo que dizia:
          -“Grandes cirurgiões, grandes cicatrizes”. Plenamente justificável, em tempos passados, tendo em vista a qualidade da iluminação e do relaxamento dos doentes, para citar duas dificuldades apenas. Além do que, “grandes cirurgiões”, são os que operam os casos mais difíceis e os doentes mais difíceis, portanto necessitavam de campos cirúrgicos espaçosos. Mais ainda, “grandes cirurgiões”, eram, e são, aqueles que ensinavam, e ensinam, cirurgia. Para ensinar, há que mostrar como fazer. Ontem com grandes incisões, hoje com micro câmeras.
         Mesmo os profissionais mais preocupados com a estética, os cirurgiões plásticos, vivem a causar cicatrizes em seus pacientes e a cuidar delas.
         Natural Orifice Translumenal Endoscopic Surgery, é sem dúvida uma evolução, mas a questão é que nem toda a evolução é útil. Será essa, uma tecnologia útil?
         Várias perguntas se seguem a essa, como por exemplo:
-Essa evolução foi provocada pela curiosidade médica ou por necessidade da indústria de vender novas tecnologias? Vide as pinças e óticas de 3mm (minilaparoscopia) e a cirurgia robótica, encalhadas, ou pelo menos, muito pouco utilizadas.
         -A ausência de cicatrizes de 5mm, 10mm, 12mm, faz realmente essa diferença toda, comparada com a segurança do paciente no nosso ato cirúrgico?
         -Qual o treinamento adequado? Quem poderá realizar essas operações? O cirurgião médio poderá? O endoscopista médio poderá?
-Faz sentido violar o colon de um homem ou a vagina de uma mulher para retirar-lhe a vesícula?
-Valerá a pena provocar uma ferida numa parede gástrica limpa e por ela passar um apêndice contaminado por fezes, após passeio pelo peritônio?
-Os resultados médicos são melhores que os da laparotomia ou da laparoscopia? Ou seja, há melhoria nos resultados finais utilizando-se essa via de acesso?
-A principal vantagem do método é do cirurgião, limitando o mercado, ou do paciente?
Essas e outras perguntas carecem de resposta científica adequada e, portanto, desapaixonada.
Causa muita preocupação, quando se sabe que em países do primeiro mundo, (EEUU, Inglaterra, por ex.) não há relatos de utilização dessa técnica em seres humanos, somente em países de cultura médica caudatária e legislação profissional frágil, como o Brasil, Chile e Índia é que se vêem  seres humanos serem submetidos a esse tipo de experiência em anima nobile, inclusive como demonstração em congressos.
Esse é o tipo de pioneirismo que não me orgulha, ao contrário, me envergonha. Causa-me uma cicatriz no orgulho.
Melhor uma na barriga.
Em suma, a vida sem cicatrizes é uma impossibilidade.

                         
                            Mario Victor de Faria Nogueira, TCBC, FACS, ASMBS, SBCBM, SAGES, ALACE, Fundador da SOBRACIL e da SOCIVERJ (atual Sobracil-RJ)