terça-feira, 13 de novembro de 2012


SOBRE ENSINAR MEDICINA

A insatisfação com o ensino da Medicina não é de agora. Encontrei artigo de Thomas Hodgkin (Londres,1827) intitulado “Ensaio sobre Educação Médica”, que compara o ensino à época, à educação médica do século IX. O mais extenso trabalho que conheço foi publicado em 1979 no American Journal of Public Health por Vanderschmidt e envolveu sete diferentes países – Colombia, Honduras, Líbano, Malásia, Nepal, Vietnan e Republica de Camarões. As limitações e as necessidades de cada lugar impediram uma conclusão satisfatória a respeito da melhor técnica a ser aplicada, mas conclui, categoricamente, que em cada local, alunos tem características particulares que devem ser observadas pelos professores que almejam algum sucesso em sua atividade.

Aqui as coisas não se passam de modo muito diverso. Recentemente a nossa valorosa Faculdade que hoje está pontuada como a melhor Faculdade de Medicina Privada do País, divulgou um roteiro a ser cumprido pelos professores no sentido de avalia-los e “pontuá-los” de acordo com certos itens estabelecidos.

Sem nenhuma pretensão de julgar o mérito da questão, não pude deixar de refletir sobre o momento que passamos na vida acadêmica.

É do filósofo Luiz Felipe Pondé a frase seguinte: “Não existiria filosofia, se nossos patriarcas, de Platão a Nietzsche tivessem que preencher o Lattes, fazer relatórios Capes, ou serem ‘produtivos’. Todos seriam o que, aos poucos nos transformamos: burocratas mudos da própria irrelevância. Analfabetos do pensamento”

Pensem comigo: imaginem Hipócrates preenchendo o currículo Lattes, uma plataforma informatizada que supostamente democratiza o acesso à produtividade da comunidade acadêmica, ao mesmo tempo em que normatiza e quantifica uma produtividade de valor, às vezes, discutível. Teria ele tido tempo e tranquilidade para pensar o Juramento? Duvido.

Talvez exagere um pouco o filósofo, pois, afinal, precisamos jogar conforme as regras do jogo, dirão alguns. Entretanto, não me parece saudável sobreviver a estas exigências fazendo com que nossos alunos pesquisem o que não gostariam de pesquisar, de uma forma que não querem, com a única finalidade de garantir verbas institucionais de pesquisa em grande escala. Não estamos esmagando a criatividade? Não estamos deixando de observar a característica individual de cada aluno e, somente para preencher formulários e relatórios, criamos uma tropa de estatísticos? A universidade defende a liberdade de pensamento? Conduz à Verdade? Será que a aplicação de tantas “ideias modernas” no dizer de Nietzsche, não se transformará em processos de produção de nulidades em grande escala?

Como diria Millor Fernandes : Livre pensar é só pensar...

Prof. Dr. Plinio Carlos Baú - Chefe do Serviço de Cirurgia Geral da PUC-RS

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Curso de Videocirurgia para academicos de Medicina


Iniciativa do nosso ex-aluno, Dr. Mauricio Spagnol,  do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia Minimamente Invasiva do Instituto de Educação e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento e atual professor do pós-Graduação em Cirurgia Minimamente Invasiva do CETREX em Brasília, DF e da UNIO Chapecó

O Curso de iniciação em Videocirurgia foi ministrado aos acadêmicos que estão cursando do 4° ao 12º período do curso de Medicina na Unochapecó, no dia 28 de setembro. O tema não faz parte da grade curricular dos universitários, porem é uma área em expansão no campo da medicina. O curso foi dividido em duas fases sendo o primeiro módulo teórico que aconteceu no dia 28 de setembro, abordada por diferentes profissionais de várias especialidades, e um segundo módulo, prático, que aconteceu nos dias 27 e 28 de outubro, e o próximo acontecera nos 1 e 2 de dezembro.

A finalidade do curso é fazer com que os estudantes tenham um primeiro contato com essa modalidade cirúrgica que atualmente é reconhecida como fundamental na prática médica além de conhecer os equipamentos utilizados nos procedimentos videocirúrgicos. Além dos acadêmicos poderem realizar uma avaliação dos aspectos fundamentais da videocirurgia, como os conceitos básicos sobre o método, indicações, equipamento e característica da anestesia. Os estudantes ainda podem reconhecer as possibilidades de aplicação do método nas diversas áreas que compõem a Clínica Cirúrgica. Durante o curso os estudantes ainda realizam procedimentos videocirúrgicos modelos experimentais específicos sob a supervisão de profissionais capacitados reconhecendo as possibilidades e o campo de atuação em Cirurgia Videolaparoscópica.



Temas abordados

O primeiro tema abordado foi o “Histórico e conceitos em videocirurgia ” ministrado pelo Cirurgião Geral, Dr. Maurício Spagnol, logo após o Ginecologista, Dr. Juliano Esbissigo tratou sobre os “Equipamento e instrumental para videocirurgia”. Ainda na manhã do dia 28 o acadêmico do 8º período de Medicina, Gustavo Andreis explicou aos universitários presentes o que é “Pneumoperitôneo”, o tema “Implicações anestésicas em videocirurgia” foi repassado aos universitários pelo Anestesiologista, Dr. Fabrício Zasso.

Durante a tarde o primeiro tema trabalhado foi “Eletrocirurgia e fontes de energia” pelos acadêmicos do 6º período de Medicina, Bernardo Basso e Rafael Martarello, em seguida o Urologista Dr. Paulo Caldas ministrou sobre o tema “Complicações em Videocirurgia”, o Cirurgião Geral, Dr. Maurício Spagnol, encerrou as atividades do dia com o tema “Estado atual e futuro da Videocirurgia”. O Módulo teórico do curso encerra com as apresentações das atividades práticas, que serão demostradas através de vídeos, a primeira fase aconteceu no dias 25 de outubro, a próxima fase acontece no dia 30 de novembro.



Aulas práticas

Através de simuladores práticos com instrumentos específicos para laparoscopia, esses alunos do curso realizam treinamento em diferentes materiais e exercícios, adquirindo e melhorando habilidades manuais necessárias para o domínio e segurança da técnica.

Atividades como “caixa de fósforos” que consiste em abrir, retirar alguns palitos, fazer uma figura geométrica e guardar os palitos; “cobra rope drill” sendo o exercício de passar o cordão com ambas as mãos e as mantendo (ou alternado) entre as mesmas cores do cordão, serão aplicadas no período matutino. Durante a tarde serão aplicadas técnicas de endo-suturas. Isso para que os universitários exerçam movimentos que que são utilizados durante uma Cirurgia Videolaparoscópica.

O curso de Medicina da Unochapecó é um dos primeiros do Brasil a proporcionar aos acadêmicos, ainda na graduação, um contato prévio com a Videocirurgia, possibilitando um processo de aprendizado efetivo e de forma gradual aos futuros profissionais. Para que no futuro o método não seja uma barreira no tratamento dos pacientes e sim um excelente instrumento para a prática cirúrgica de forma segura e eficiente.