terça-feira, 26 de abril de 2011

POLÊMICA NA CIRURGIA BARIÁTRICA

A aprovação pela câmera técnica do Conselho Federal de Medicina de duas novas cirurgias para obesidade mórbida, inclusive da polêmica cirurgia recentemente desenvolvida pelo Dr. Aureo Ludovico de Paula de Goiânia, GO -  gastrectomia vertical com interposição ileal, gerou resposta por parte da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, na voz do seu atual presidente Dr. Ricardo Cohen de São Paulo e réplica do professor Edmundo Ferraz de Recife, ex-presidente do CBC.
Vejam alguns passos da polêmica
1. Reportagem no Jornal Estado de São Paulo

13 de abril de 2011 | 0h 00
Karina Toledo - O Estado de S.Paulo



Cirurgia bariátrica polêmica ganha apoio 
Câmara técnica do CFM aprova, em votação esvaziada, técnicas ainda experimentais;
médicos denunciam manobra


"A Câmara Técnica Sobre Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Conselho Federal
de Medicina (CFM) aprovou, no fim de março, a regulamentação de duas
cirurgias consideradas experimentais por especialistas de todo o mundo. Uma
delas é a gastrectomia vertical com interposição ileal, conhecida como cirurgia
do Faustão depois que o apresentador Fausto Silva revelou ter se submetido
ao procedimento.
Para ter validade, a decisão precisa ser referendada pelo plenário do CFM.
Médicos que compõem a câmara técnica afirmaram ao Estado que o tema foi
incluído na pauta da reunião que deve ocorrer nesta semana.
Ontem, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica divulgou
carta de repúdio à "falta de transparência no processo de aprovação das novas
técnicas". Segundo o texto, no dia da reunião, sete dos nove membros que
compõem a câmara técnica estavam nos Estados Unidos, participando
Congresso de Intervenção para Terapia do Diabetes Tipo 2. "Não existem
ainda na literatura médica estudos clínicos em número suficiente para que
seja possível aplicar tais técnicas com a devida segurança", diz a carta.
O médico Orlando Pereira Faria, que é membro da câmara técnica e pertence
ao grupo excluído da reunião, diz que a decisão causou um sentimento de
revolta no meio médico. "Estão querendo aprovar as técnicas de maneira
rápida e com interesses que não são o bem-estar da sociedade."
A interposição ileal está proibida desde o ano passado por liminar da Justiça.
O médico que criou a técnica, Áureo Ludovico de Paula, está sendo processado
por ter operado diversos pacientes sem protocolo de pesquisa e por ter
cobrado pelo procedimento. A outra técnica aprovada foi a bipartição gástrica,
criada pelo médico Sérgio Santoro.
Procurado, o CFM negou por meio de sua assessoria a aprovação das técnicas.
Depois voltou atrás, quando o Estado revelou ter a ata da reunião. Em nota, o
órgão afirmou que "os encaminhamentos realizados no âmbito de suas
comissões e câmaras técnicas não possuem caráter terminativo."


2. Resposta da presidência da SBCBM

São Paulo, 11 de abril de 2011.
Ilmo Sr. Dr. Carlos Vital Tavares Corrêa Lima
DD Presidente das Câmaras Técnicas do CFM
Ilmo Sr. Dr. Abdon Murad
DD Coordenador da Câmara Técnica de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
Prezados Senhores,
A nossa Sociedade é pioneira nas pesquisas clínicas em cirurgia bariátrica e metabólica no mundo.
Causou-nos surpresa que em 30/03/2011 foram aprovadas por essa distinguida Câmara Técnica, por "unanimidade" com a presença de 2 (DOIS) membros, procedimentos ainda em discussão por experts no mundo.
Porque a afirmação que estão ainda em discussão? Porque em 30/03/2011, mais de 2/3 (DOIS TERÇOS) dos membros desta Câmara Técnica, estavam em Nova York, discutindo diretrizes para a adoção de novas técnicas operatórias em cirurgia gastrointestinal bariátrica e metabólica. Esses membros comunicaram com antecedência razoável (15 QUINZE dias) que não poderiam comparecer a essa reunião de 30/03/2011. E eles estavam dentre cerca de 1000 participantes, incluindo grandes nomes mundiais no assunto como 2 laureados com o PREMIO NOBEL da Medicina e Fisiologia, que escutaram que os procedimentos que devem ser estudados para seu emprego em cirurgia bariátrica e metabólica, independente do IMC dos pacientes, são aqueles que constam da RESOLUÇÃO CFM Nº 1.942/2010. Todos os outros, por enquanto, devem permanecer no âmbito das investigações clínicas sob uma aprovação de Comitê de Ética em Pesquisa.
Somos uma Sociedade inovadora e com papel de destaque no cenário mundial. Somos propulsores de inovações, desde que elas sejam, adotadas comedidamente e com comprovação de resultados, reprodutibilidade de sua realização e apoio Multisocietário, isto é, que tenhamos consenso de múltiplas origens, que são procedimentos adequados a tratar os nossos pacientes. Finalmente, obesidade e suas comorbidezes são enfermidades primariamente clínicas e nós cirurgiões somos parte importante do tratamento, quando bem indicado.
Somos os maiores representantes da divulgação dos procedimentos que estão autorizados pelo CFM. Portanto, esperamos que decisões dessa importância sejam levadas adiante com a devida cautela que o tema requer.
Certos de contar com vossa atenção,
Dr. Ricardo Cohen
Presidente da SBCBM


3. Réplica Dr. Edmundo Ferraz - TCBC PE


Carta Aberta ao Dr. Ricardo Cohen
Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica

Sr. Presidente,
Tomando conhecimento do teor de sua carta divulgada amplamente através do site da SBCBM e endereçada aos membros da Sociedade e ao Presidente da Câmara Técnica (CT) do CFM desejo comentar o que se segue:
O teor de sua carta é falso e pretensioso. A reunião da CT do CFM foi realizada no dia 12/4/2011com quorum adequado para sua realização. Estiveram presentes cinco membros e não apenas dois como V.Sª referiu.
E que cinco membros: Dr. Abdon Murad membro do CFM, Coordenador da CT que presidiu a sessão e ainda os Prof. Cleber Kruel atual Presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD) membro nato da CT, Prof. Nelson Andreollo, ex-Presidente do CBCD e ex-Membro da CT representando o Prof. Bruno Zilberstein, Prof. Edmundo Machado Ferraz, ex-Presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (gestão 2008-2009) representando por delegação do atual Diretório Nacional do CBC (um dos quatro pioneiros da Cirurgia Bariátrica no Brasil), todos três Professores Titulares de Cirurgia na UFPE, UNICAMP, URGS e o Dr. Luiz Claudio Chaves, pioneiro da Cirurgia Bariátrica no Pará e membro nato da CT. Faltaram a reunião, o Dr. Orlando Faria, o Dr. Bruno Zilberstein que solicitou e foi substituído pelo Prof. Nelson Andreollo e a representante da Abeso.
Deve ser salientado que os representantes de Instituições podem solicitar previamente e enviar substitutos quando de seus impedimentos, o que não é raro nas reuniões da CT do CFM.
Portanto a reunião foi legal e com quorum qualificado. Nesta reunião foram respondidas algumas alegações oriundas de advogados e redigida uma Comunicação Interna dirigida ao Presidente do CFM solicitando o encaminhamento ao Plenário do CFM para homologação da decisão da CT tomada em 21/5/2010. Também é de seu conhecimento de que a SBCBM não é área de atuação e que os Títulos de Especialistas são atributos do CBC e do CBCD nas áreas de Cirurgia Geral e da Cirurgia do Aparelho Digestivo. O Conselho Federal de Medicina (CFM) e não a SBCBM como seria do seu desejo, é o órgão que legisla as questões através de pareceres emanados pela Câmara Técnica homologadas pelo plenário do CFM o que se transforma em Resolução após a homologação.
Em 21/5/2010 fui o relator na CT do CFM sobre a Gastrectomia Vertical e a Interposição Ileal. O documento que apresentei segue anexo com essa carta para que sejam do conhecimento de todos os membros da SBCBM para que possam conhecer os meandros dos conflitos de interesse que tentam tumultuar a atuação legal do CFM. Espero e solicito que V.Sª os divulgue no site da Sociedade.
Meu relatório foi aprovado por cinco votos contra dois e dos seis cirurgiões presentes, cinco votaram a favor. Deste modo a Gastrectomia Vertical associada a Interposição Ileal foi aprovada na CT do CFM faltando a sua homologação pelo Plenário. A revisão da literatura foi extensa e a mais completa possível.
Em Resolução aprovada no final de 2010 a Gastrectomia Vertical foi incluída nas operações consideradas aceitas após homologação pelo plenário do CFM, não tendo a Interposição Ileal sido ainda submetida para homologação pelo plenário. Para esclarecimento dos membros não especialistas que compõem o plenário do CFM foram realizados dois seminários no CFM para discussão ampla dos procedimentos, critérios de aceitação utilizados nos procedimentos cirúrgicos já reconhecidos o que já gerou uma nova proposta com mudança do paradigma de novos procedimentos em Medicina também discutida na CT e que irá ao Plenário para homologação.
Deve ser salientado que a discussão refere-se ao tratamento cirúrgico da Obesidade Mórbida (IMC igual ou superior a 35 com co-morbidade ou IMC igual ou superior a 40 com ou sem co-morbidades). Em nenhum momento a CT discutiu a conduta fora desses parâmetros ou a indicação de tratamento cirúrgico para a Diabetes tipo 2 dissociada de Obesidade Mórbida. Todas as operações consideradas aceitas pelo CFM foram baseadas em critério de reconhecimento da comunidade cientifica nacional e internacional. Nenhum foi baseado em evidência ou previamente aprovado pelo CONEP.
Como todos poderão observar lendo o meu parecer a literatura demonstra que a Interposição Ileal é um procedimento usado desde 1928 e em cirurgia bariátrica há aproximadamente 30 anos, (Stone, KS et al 1981) não sendo considerada um novo procedimento pela CT do CFM . Tem amplo reconhecimento internacional caracterizado por 170 citações internacionais nos índices SCOPUS, Index Médico e mais de 10 publicações em revistas de grande impacto (índice superior a 1,5). É praticada por inúmeros cirurgiões no Brasil e no Exterior todas referidas em meu parecer com amplo racional que justifica o procedimento considerado aceito pela CT do CFM. Recentemente (final de 2010 e inicio 2011) foram defendidas e aprovadas após o meu relatório seis Teses de Doutorado com o procedimento gastrectomia vertical (GV) + interposição ileal (II) em animais de experimentação na UNIFESP existindo mais duas para serem defendidas, além de duas Teses de Doutorado aprovadas na UFMG orientadas pelo Prof. Paulo Roberto Savassi Rocha em humanos, previamente aprovadas pelo CONEP. Na UFPE já temos um protocolo de estudo em humano aprovado pelo CONEP e muitos outros projetos em andamento em Universidades Públicas que irão certamente reconhecer o procedimento da GV+II como uma grande contribuição da cirurgia brasileira. O autor Dr. Aureo Ludovico de Paula tem mais de 700 operações realizadas com cerca de 300 pacientes com seguimento igual ou maior do que 5 anos. A taxa de mortalidade é inferior a 2% e a de grandes complicações inferior a 4%. Todos os prontuários estão a disposição da CT do CFM e todos os termos de consentimento esclarecidos foram registrados em cartório encontrando-se os detalhes dos cuidados dos procedimentos detalhados em meu parecer.
É também importante assinalar que conheço o Dr. Aureo há muitos anos, porém não tenho qualquer conflito de interesse com ele. Nunca estive em sua casa ou ele na minha e faz mais de 4 anos que não visito a sua cidade. A GV associada a II tem começo, meio e fim. É um procedimento que honra a cirurgia brasileira e já foi objeto de 4 Editoriais de autores consagrados na literatura internacional em revistas de grande impacto.
Solicito a todos os membros da SBCBM que leiam meu relatório, analisem os Trabalhos e Editoriais publicados, escrutinem os resultados, participem dessa discussão e sejam testemunhas de um procedimento que por não provocar desabsorção (demonstrada na Tese de Doutorado da Drª Luciana El Kadre na UFMG) tem um grande futuro nas indicações cirúrgicas na cirurgia metabólica particularmente em pacientes diabéticos de baixo peso que presentemente vem sendo amplamente discutido na literatura internacional.
Estarei a disposição de todos para responder a qualquer dúvida através de meu e-mail – edferraz@truenet.com.br ou meu celular 81-99713739.
A SBCBM não pode ser utilizada por seus presidentes para ditar normas para o CFM como se atreve o seu atual Presidente em correspondência endereçada ao Vice-Presidente do CFM e ao atual Coordenador da CT do CFM em tom professoral sem ter sequer comunicado a sua Diretoria e discutido previamente o teor de seu ofício endereçado ao CFM de forma pretensiosa e inadequada, enviando o documento como um fato consumado, sem qualquer tipo de discussão prévia de um importante assunto que é de interesse de todos.
Mais uma vez, como fiz na gestão passada na SBCBM, protesto contra a atitude isolada e intempestiva do seu Presidente, Dr. Ricardo Cohen afrontando o CFM e o pensamento democrático existente na grande maioria dos membros de nossa Sociedade que certamente não apoiarão esta posição assumida pelo atual Presidente sem prévio consentimento da atual Diretoria.
Recife, 14 de abril de 2011.

Edmundo Machado Ferraz
       

Congresso Americano de Hérnia - 2012 Nova York

terça-feira, 19 de abril de 2011

ARTIGO BOLETIM CBC - SÃO PAULO

A T U A L I D A D E S C I R Ú R G I C A S
Órgão Informativo do Capítulo de São Paulo do Colégio Brasileiro de Cirurgiões
Departamento de Cirurgia da Associação Paulista de Medicina
Nº 47 DEZ/10
Logística Reversa
TCBC Marco Cezario de Melo
Inicialmente a logística empresarial tratava, tão somente, dos fluxos físicos e informacionais da origem do produto até o local de consumo, sem se importar com o seu descarte. Atualmente vem se pensando também, no fluxo reverso – a logística inversa ou reversa – alargando a gestão do ciclo de vida do material. Segundo Rogers e Tibben-Lembke, logística reversa é: “O processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e de baixo custo de matérias primas, estoque em processo, produto acabado e informações
relacionadas, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recuperação de valor
ou descarte apropriado para coleta e tratamento de lixo.” Na verdade, trata-se de um termo utilizado para designar o processo relacionado à reutilização de produtos e materiais assegurando recuperação sustentável. Em última análise é a “Administração de Recuperação de Produtos” (“Product Recovery Management”– PRM) definida por Thierry como: “o gerenciamento de todos os produtos, componentes e materiais usados e descartados pelos quais a empresa fabricante é responsável”. No passado não havia preocupação com os resíduos sólidos até a humanidade perceber que não existe área física para armazenar todo esse lixo. A busca por menores impactos ambientais, registrada atualmente, decorre das exigências da sociedade moderna e das imposições legais dos governos representantes dessa própria sociedade. O retorno do produto no pós-consumo deve ser equacionado pelas empresas que definirão seu destino: sua reutilização, desmanche, venda ao
mercado secundário, remanufatura, reciclagem, incineração e destino final. A introdução tecnológica na medicina foi capaz de trazer imensos benefícios aos nossos pacientes como a menor invasão
durante procedimentos endoscópicos, percutâneos ou através da videocirurgia. Essas abordagens preservam, ao
máximo, a integridade da barreira mucocutânea, diminuindo a repercussão da agressão e complicações decorrentes. A barreira mucocutânea, constituída pela pele e mucosas, não só funciona como bloqueio mecânico, mas promove mecanismos específicos na preservação do ecossistema local (microbiota humana). A manutenção do sistema ecológico, constituído pela microflora, é necessária ao equilíbrio entre o ser humano e o ambiente que o cerca, fundamental à preservação da vida do próprio hospedeiro. No entanto essa evolução propiciou maior utilização de instrumentais de uso único – os descartáveis – que produzem resíduos sólidos capazes de causar problemas para a ecologia do planeta, extremamente relevantes no pensamento globalizado nesse século XXI. Para amenizar esse impacto ambiental necessário se faz um gerenciamento responsável
do retorno do material utilizado. Na área da saúde vem sendo questionada a reutilização dos descartáveis, embora provas existam da inviabilidade de uma esterilização segura de grande quantidade desse material,
pela impossibilidade de limpeza adequada e deterioração do material pelo uso repetido. A extensão da vida útil pelo retorno ao ciclo produtivo através de canais de desmanche, reciclagem e reuso, economizando matéria prima pode ser uma grande solução do problema.
Segundo pesquisadores de várias universidades, sob a coordenação da Erasmus University Rotterdam – Holanda, a logística reversa terá que ser implantada nas firmas produtoras de materiais de consumo pelos seguintes motivos:
a. Legislação ambiental em surgimento nos diversos países.
b. Benefícios econômicos (alto custo do processo de descarte
correto).
c. Crescente conscientização ambiental dos consumidores.
Por trás deste conceito existe a definição de ciclo de vida onde um produto, do ponto de vista logístico, não se acaba com sua entrega ao consumidor, mas deve retornar a sua origem para ser adequadamente descartado, reparado ou reaproveitado. Além disso, por motivos estratégicos e razões competitivas, a logística reversapode ser utilizada para a diferenciação entre as firmas produtoras.
No Brasil, também existe preocupação com esse assunto, tanto que em 10 de março de 2010, foi publicada a redação final do substituto da Câmara dos Deputados ao projeto de lei N203-B de 1991 do Senado Federal, que dispõe sobre o acondicionamento, a coleta, o tratamento, o transporte e a destinação final dos resíduos em saúde, no qual são estabelecidas as condições de implantação da logística reversa considerando-a um instrumento de desenvolvimento econômico e social, constituído por um conjunto de ações, procedimentos
e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento em seu, ou em outros ciclos produtivos, acrescido de uma destinação final ambientalmente adequada.
logística reversa precisa ser entendida pelas empresas como oportunidade de agregar valor, quer pela imagem junto à sociedade com relação aos aspectos ambientais e responsabilidade social, quer pela oportunidade de adicionar serviços. Certamente criará diferenciais competitivos pela gestão integrada do ciclo do descartável e do desperdício envolvidos ao longo da vida do produto, possibilitando a redução de
custos e gerando vantagem competitiva. A matéria prima reutilizada para a industrialização de um novo produto trará, seguramente, um benefício econômico além do benefício ecológico.
O compromisso da humanidade com os resíduos gerados, em toda forma de atividade, faz parte da cidadania com todas as implicações dela decorrentes. Essa preocupação é extrapolada no que diz respeito aos resíduos dos serviços de saúde, especialmente em relação ao gerenciamento deste descarte com o fim de minimizar a poluição do planeta. O uso de descartável, fundamental para a realização segura dos procedimentos de invasão mínima tem sido discutido, sendo necessária uma tomada de posição coerente e sensata. Deve ser antevista a possibilidade de mudanças desde a sua confecção, averiguando-se a possibilidade de reutilização segura, com
elaboração de critérios para seu uso até o descarte, avaliandos e a opção de reciclagem do material, com o pensamento voltado à preservação do ecossistema de nosso planeta. Com a implantação da logística reversa aos materiais de consumo único utilizados nos procedimentos de invasão mínima, os produtores de descartáveis estarão contribuindo, de forma efetiva e politicamente correta, para a manutenção, não somente da microbiota humana contemplada com a preservação da barreira mucocutânea, mas para o equilíbrio ecológico global do planeta. A humanidade agradece.
Nota: O assunto deste artigo assim como outros temas relacionados à compreensão e o desenvolvimento da videocirurgia são abordados no livro “A Reconfiguração da Cirurgia”.
Mais informações: cezario@truenet.com.br

CONGRESSO DO AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS DESTE ANO ABRIRÁ ESPAÇO PARA VÍDEOS BRASILEIROS SELECIONADOS

O próximo congresso do American College of Surgeons deste ano que será realizado na cidade de San Francisco em outubro abrirá espaço em sessão oficial a vídeos selecionados durante o próximo Congresso do CBC em Fortaleza.
Vejam a comunicação recebida pelo Presidente do CBC Dr. Gaspar de Jesus Lopes Filho


Dear Colleague:

On behalf of the American College of Surgeons and the Committee on Video-based Education, I extend my warm greetings!  As Chair of the Committee, I am coordinating a video session with Pascal Fuchshuber, MD, FACS to include outstanding surgical videos from selected international surgical societies and associations.  This session is scheduled for Tuesday, October 25; 12:45  - 4:00 pm and is part of the 2011Annual Clinical Congress of the American College of Surgeons, October 23-27, in San Francisco, CA

We invite you and your colleagues to identify videos that represent the best videos shown at your most recent annual meeting in 2010 or Spring, 2011 to be nominated for this opportunity.   All that we require is that the narration be in English, the video in authored DVD, NTSC format (we cannot accommodate PAL formatted videos) and the video be no longer than 10 minutes.

A panel of internationally known surgeons will select 8 to 10 videos to be shown at the 2011 Clinical Congress video session.  Of these videos selected, one will be selected as the “Best of the Session” by the audience via ballot, and the principal author will be awarded a year’s subscription to the ACS Online Video Library.  The principal author of each video selected for presentation will be notified upon completion of the selection process by the College.

This video session, introduced at the 2007 Clinical Congress in New Orleans, has had many outstanding video presentations representing the following countries; Brazil, China, Ecuador, France, India, Israel, Japan, Mexico, Spain, and Venezuela. 

Authors of selected videos are invited to present their video at their own expense. 

Please complete a copy of the attached information form for each video you submit.  Videos and information forms must reach the American College of Surgeons at the address at the end of the nomination form, no later than May 1, 2011.

If you have any questions, please contact me by email, youngfadok.tonia@mayo.edu

Thanks so much.

Sincerely,
Tonia M. Young-Fadok, MS, MD, FACS, FASCRS
Co-Coordinator and Presiding Officer
Highlights of International Sessions Video Session
Chair, Committee on Video-based Education
American College of Surgeons

segunda-feira, 18 de abril de 2011

DEFESA PROFISSIONAL

Do informativo CBC São Paulo dezembro de 2010, artigo do Dr. Albino Sorbello, cirurgião Paulista, ex-presidente da SOBRACIL e professor do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia Minimamente Invasiva do CETREX - Brasília, DF
O que pensar e em e em que acreditar?
TCBC Albino Sorbello
Diretor do Departamento de Videocirurgia do Capitulo de São Paulo do CBC

O ato médico-cirúrgico, que inicia por ocasião em que um cliente (paciente) procura um cirurgião (mais paciente) para tratar de seu problema físico (doença) através de nossa medicina (conhecimento), está cada vez “mais difícil ser executado”. Esta frase “mais difícil ser executado” implica em divagações de interpretações dentro de nossa rica língua Portuguesa. Supomos inicialmente que estejamos falando em dificuldades no conhecimento e capacitação do médico que não consegue acompanhar os freqüentes avanços das tecnologias necessitando treinamentos e atualizações constantes. Este fato não tem sido constatado como uma verdade plena pois, respeitando os dizeres de nosso Código de Ética:
Artigo 2ª (pg.3) – O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo zelo e o melhor de sua capacidade profissional.
Artigo 5º (pg. 3) – O médico deve aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente.
Artigo 8º (pg. 3) – O médico não pode, em qualquer circunstância, ou sob qualquer pretexto, renunciar a liberdade profissional, devendo evitar que quaisquer restrições ou imposições possam prejudicar a eficácia e correção de seu trabalho.
Artigo 16º (pg. 3) – Nenhuma disposição estatutária ou regimental de hospital, ou instituição pública,
ou privada poderá limitar a escolha, por parte do médico, dos meios a serem postos em prática para o estabelecimento do diagnóstico e para a execução do tratamento, salvo quando em benefício do paciente.
As Associações Médicas cobram esta constante atualização de seus associados para as renovações dos
Títulos de Especialistas. Assim encontramos médicos se atualizando em reuniões em Centro de Estudos Hospitalares, em Congressos regionais, estaduais, nacionais e internacionais no Brasil ou no exterior ou fazendo estágios e sempre se aprimorando “para o melhor servir”. Terminada a avaliação clínica em nível ambulatorial é que nos deparamos com um cliente (paciente) e um médico (mais paciente)
na situação “de difícil execução”.
a) Solicitar guia ao convênio para dar continuidade ao tratamento - as interpelações de profissionais que julgam o médico e necessitam dias (após horas de espera no telefone) para julgar a sua competência e não raro o esclarecimento deste diagnóstico, com a exigência de solicitações de exames complementares desnecessários (ultrassonografia para hérnias, particularmente as umbilicais e ínguinoescrotais), para autorizar o seu livre exercício da profissão em prol do doente que lhe procurou para tratá-lo.
As propostas para não executarmos os procedimentos neste ou naquele hospital escolhido entre o paciente
(cliente) e o mais paciente (médico), por não serem favoráveis economicamente a seguradora.
Não liberação de materiais julgados necessários ao tratamento pelo mais paciente (médico) solicitando realizá-los sem os mesmos, implicando em prejuízo da técnica e do resultado final do tratamento.
Nestas duas últimas citações existe o reforço de podermos operar com os materiais solicitados, desde que seja em outro hospital, pois existe um pacote de valores já estabelecido em custo efetivo menor.
b) Aqui mais um capítulo para os mais pacientes (médicos) que avaliando contas hospitalares de alguns pacientes (clientes) conseguem constatar o deságio em materiais de uso único, acima dos limites que estão publicados nas tabelas oficiais existentes no Brasil de preços mínimo e máximo acarretando este desconforto entre: as seguradoras - os clientes (pacientes) – e os médicos (mais pacientes).
Após a trabalhosa obtenção da referida autorização (previamente solicitada e aprovada) os setores comerciais administrativos e os auditores das seguradoras tem cobrado ainda dos médicos (mais pacientes) outros tantos relatórios tendo que alegar ter usado determinado material no referido cliente (paciente).
Alguns raros hospitais em respeito ao seu Corpo Clínico, ao negociarem o atendimento a seus segurados
já estabelecem que seus médicos têm caráter e profissionalismo e desobrigam seu Corpo Clínico passar por mais este desagrado. No entanto, a maioria dos outros hospitais, estão atribuindo a seus funcionários administrativos ou aos dos Centros Cirúrgicos a responsabilidade de impedir ao médico (mais paciente) utilizar o que ele tem necessidade prejudicando o cliente  (paciente) de ser tratado com o melhor da tecnologia e do conhecimento que o médico (mais paciente) se esforçou por adquirir. Nós médicos (mais pacientes) temos que iniciar um procedimento operatório com instabilidade emocional desencadeada por um sistema de delegação de irresponsabilidades que culminam com uma ordem do circulante de sala que nós não poderemos exercer o melhor de nossa profissão ao nosso cliente (paciente). Não raras vezes após tumultuados discursos iniciamos a cirurgia desgastados e estressados quando deveríamos estar concentrados para o melhor desempenho. Pergunta-nos freqüentemente: onde está a Ética destes profissionais nesta escala de valores e de responsabilidades finais, que está intimamente relacionada com a capacitação, dedicação e concentração do médico-cirurgião (mais paciente)?.
c) Nos últimos meses estamos vivendo um novo assédio, obviamente só por telefone para que não existam documentos e registros, pois quando solicitados por escrito não são a nós encaminhados, que é o
fato de não podermos executar cirurgias por via laparoscópica para procedimentos mundialmente executados por profissionais treinados e capacitados. Dentre alguns procedimentos videocirúrgicos mais
bloqueados estão algumas operações cólon-proctológicas; doença do refluxo-gastro-esofágico e hérnias
ínguino-femurais e de parede abdominal (incisionais). Em um hospital de Guarulhos (SP) nos foi apresentado que as cirurgias convencionais (abertas) estão sendo mais remuneradas pelo SUS do que as videocirurgias, desestimulando os métodos minimamente invasivos cujo benefício ao cliente (paciente) é cientificamente bem documentado e conhecido. O confronto de algumas imposições de elementos da nossa sociedade civil (mercantilista) com as normas éticas controladas pelo Conselho Federal e Regional de Medicina provoca uma situação em que nos sentimos como verdadeiros “mariscos” (mais paciente) juntamente com nossos clientes (pacientes) na luta entre o mar e os rochedos. “O que pensar e em que acreditar” para voltar um dia a sermos como Hipócrates e seus seguidores e podermos exercer a nossa profissão de maneira digna de orgulho, de sabedoria e de humanismo (mais paciente) aos que de nós como semelhantes necessitam (pacientes), respeitando nosso juramento Hipocrático e não como hipócritas nas mãos de terceiros?
O CBC enquanto entidade congregadora, entende, se preocupa,valoriza e cuida da “pérola preciosa” contida na consciência de seus Cirurgiões (mais pacientes).

INICIAM AS ATIVIDADES DO IRCAD BRASIL

Iniciam as atividades do IRCAD Brasil, centro de treinamento em videocirurgia estruturado na cidade de Barretos no interior do estado de São Paulo. IRCAD Brasil convida os cirurgiões brasileiros a conhecer seu calendário anual de treinamentos em cirurgia minimamente invasiva, desenvolvido para atender a cirurgiões de diversas especialidades.


Os cursos do IRCAD Brasil se caracterizam pela união de teoria e prática, com transmissão de cirurgias ao vivo, aulas práticas em tecido vivo e palestras com conceituados professores internacionais. A filial brasileira do IRCAD é a maior do instituto no mundo em estrutura, e esta localizada junto ao complexo do Hospital de Câncer de Barretos – Fundação Pio XII.

A programação completa de cursos para 2011 segue abaixo. Mais informações sobre o IRCAD Brasil / AMITS (American Institute of TeleSurgery) e sobre treinamentos de seu interesse podem ser acessadas pelo site www.amits.com.br.



Recontrução de Nova Friburgo

Após a tragédia, a vida segue na forma da reconstrução da cidade
Força amigos!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Laparoscopia para todos!

ANS quer ampliar rol de cobertura; cirurgia por vídeo é principal demanda

Saúde. Agência abre hoje consulta pública para que a população, as operadoras e sociedades médicas apresentem sugestões à resolução; se proposta for aprovada, usuários dos planos de saúde terão 48 novos procedimentos cobertos pelas operadoras

15 de abril de 2011 | 0h 00
Fernanda Bassette - O Estado de S.Paulo
Está aberta a partir de hoje uma consulta pública da Agência Nacional de Saúde (ANS) que propõe uma série de atualizações no rol de coberturas dos planos de saúde. Foram incluídos 48 procedimentos.
Ayrton Vignola/AE - 22/6/2010
Ayrton Vignola/AE - 22/6/2010
Novidade. Implante coclear bilateral é outro procedimento incluído na proposta da ANS; hoje, apenas o unilateral é coberto
A população, as operadoras de saúde e sociedades médicas terão 30 dias para apresentar sugestões à resolução. A expectativa da ANS é consolidar o documento e publicá-lo em julho. As novas regras devem passar a valer a partir de janeiro de 2012.
O rol contempla uma base mínima de procedimentos que as operadoras terão de oferecer obrigatoriamente, caso ele seja aprovado. "O fato de um procedimento ser incluído na lista dá ao usuário a certeza de que ele tem direito àquela cobertura. É também uma maneira de a ANS fiscalizar e multar as operadoras em caso de descumprimento", diz Marta Oliveira, gerente-geral de regulação assistencial da ANS.
Videolaparoscopia. O que mais chama a atenção na lista é a cobertura de 36 tipos de cirurgias por videolaparoscopia - técnica mais moderna, menos invasiva, que permite uma recuperação mais rápida do paciente - , substituindo de vez as cirurgias tradicionais feitas por via aberta.
Segundo Marta, a principal demanda em procedimentos por vídeo foi da cirurgia bariátrica. "Houve uma procura muito grande por parte dos pacientes, de órgãos de defesa do consumidor e das sociedades médicas. Após uma série de análises de segurança, concluímos que essa inclusão era importante", diz Marta.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), em 2009 foram feitas 45 mil cirurgias - 25% delas feitas por meio do vídeo. No ano passado, das 60 mil operações, 35% foram por vídeo.
"A maior evolução da cirurgia bariátrica é sua realização por vídeo. Na técnica convencional, é feito um corte de 20 cm no paciente, enquanto que por vídeo são feitas 5 mini incisões. O tempo de internação cai de 5 dias para 36 horas", diz Ricardo Cohen, presidente da SBCBM.
Outras técnicas. E não é apenas a cirurgia bariátrica que será beneficiada. Várias cirurgias de intestino e do aparelho digestivo também foram incluídas na proposta de atualização do rol.
Segundo o cirurgião Fábio Guilherme Campos, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Videocirurgia (Sobracil), nos últimos seis meses as operadoras passaram a negar com frequência cirurgias laparoscópicas de intestino, para tratar hérnias ou fazer correção de refluxo.
"Provavelmente porque elas custam mais caro em termos de material e as operadoras poderiam oferecer a mesma cirurgia pela técnica aberta." Ele diz, porém, que os pacientes ficam menos tempo internados, o que gera economia. "A cirurgia por vídeo devolve o paciente muito mais rápido para a sociedade."
Outro procedimento incluído é o implante coclear bilateral. "Existia uma discussão muito grande sobre a segurança do implante bilateral. Como foi comprovado que é seguro, resolvemos incluí-lo", diz Marta. Antes, apenas o unilateral compunha a lista de procedimentos.
Outra novidade é a marcação pré-cirúrgica de câncer de mama guiada por ressonância magnética. Hoje, a marcação é feita por ultrassonografia ou tomografia, nem sempre tão precisas.
Além disso, o PET-Scan, um dos mais modernos exames de diagnóstico por imagem, passará a ter três coberturas obrigatórias: além do linfoma e do câncer de pulmão, também será indicado para câncer no intestino.
A ANS também propõe alterar o número de consultas com nutricionistas tornando ilimitado, por exemplo, o número de consultas para diabéticos que usam insulina. Marta diz esperar que a lista seja aprovada na íntegra. 


quinta-feira, 7 de abril de 2011


7 DE ABRIL: DIA NACIONAL DE PARALISAÇÃO DO ATENDIMENTO AOS PLANOS DE SAÚDE



A relação de trabalho entre os médicos e os planos de saúde está cada vez mais deteriorada. Além dos reajustes insuficientes, muito abaixo da inflação dos últimos dez anos, há interferência na autonomia do  médico.  Os 160 mil médicos que atendem a saúde suplementar em todo o Brasil aguardam há muito tempo com grande expectativa as ações de suas entidades representativas.

Desta maneira, foi determinado eleger o dia 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, como o Dia Nacional de Paralisação do Atendimento aos Planos de Saúde, como primeira ação de uma agenda de lutas para 2011 e definida pelas entidades médicas nacionais (CFM, AMB e FENAM).

São três as diretrizes nacionais do movimento:

1.Organizar a luta por reajustes de honorários tendo como referencia a CBHPM, 6ª edição, tanto na nomenclatura como nos valores

2.Exigir a regularização dos contratos entre operadoras e médicos, conforme a Resolução da ANS n° 71/2004

3.Promover ações no Congresso Nacional visando a aprovação de projetos de lei que contemplem a relação entre médicos e planos de saúde.

Em sequência, nos meses de abril e maio deve ser iniciado o processo de negociações com os planos de saúde selecionados pelas comissões estaduais de honorários médicos para, a partir de junho, em assembléias dos prestadores, definir as futuras ações do movimento.

Instamos os colegas para que se mobilizem, divulgando tanto a Carta Aberta à População (disponível no portal do CREMERS) que esclarece e pede o apoio dos usuários à mobilização dos médicos, como a Carta aos Médicos.

Recomenda-se a suspensão neste 7 de abril, no consultório e em outros estabelecimentos, de todas as consultas e procedimentos eletivos de pacientes conveniados a planos e seguros de saúde, com agendamento para data oportuna. Os atendimentos de urgência e emergência devem ser mantidos.