APENDICITE AGUDA PÓS COLONOSCOPIA: DESAFIO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO MINIMAMENTE INVASIVO – RELATO DE CASO
Marcelode Paula Loureiro, Eduardo Bonin, Camila Leiner, Sheila Cristina Weigmann, Aline Fontana
Rev. Col. Bras. Cir. 2011; 38(5): 366-368
A apendicite aguda após colonoscopia é uma complicação possível do método, tendo sido descrita apenas por 11 vezes na literatura de língua inglesa. Representa um desafio diagnóstico, devendo ser lembrada em caso de dor abdominal em fossa ilíaca direita após o exame. Sua fisiopatologia envolve provavelmente a oclusão da luz apendicular por fecalito empurrado pela pressão do gás insuflado. Até então esta inusitada situação ainda não havia sido tratada por laparoscopia.
Os autores apresentam um caso de um homem de 54 anos com dor abdominal e quatro horas após colonoscopia e endoscopia digestiva alta. Pelo fato de que o paciente realizou uma polipectomia e que uma úlcera foi vista no íleo terminal, o diagnóstico de apendicite aguda foi ainda mais difícil. Os autores discutem a raridade da situação e da abordagem minimamente invasiva para o tratamento da apendicite.
A apendicite iniciada após colonoscopia representa um desafio diagnóstico, pois sua apresentação pode ser similar à complicações muito mais comuns deste exame, como perfuração e síndrome pós-polipectomia. Neste caso específico, o paciente poderia ter sua dor justificada tanto por uma perfuração, quanto pela ressecção de um pólipo, uma eventual diverticulite ou até mesmo pela pequena ulceração de íleo terminal. Além disto, não possuía nenhum sinal inflamatório no óstio apendicular durante a colonoscopia. Devido ao grande risco de uma apendicite não diagnosticada, é importante manter um alto grau de suspeita desta possível complicação. A tomografia deve ser o exame de eleição, para desvendar-se o mais cedo possível, a causa da dor. Outras possíveis explicações para o desenvolvimento da apendicite após a colonoscopia seriam o preparo para o exame e o trauma do orifício apendicular com o aparelho. A evolução desta apendicite com perfuração e peritonite difusa em 48 horas, pode estar relacionada à penetração de fecalito para o interior da luz apendicular e impactação do mesmo sob pressão. Tal fato poderia eventualmente propiciar aceleração no processo natural da própria apendicite. Dentre os casos descritos, a proporção homem/mulher foi de 10:1, a faixa etária de 54,4 anos e o aparecimento dos sintomas variou de 12 horas a cinco dias. Dez dos pacientes foram tratados por laparotomia, e um com antibióticoterapia exclusiva. A laparoscopia é um excelente método diagnóstico complementar. Neste caso foi importante não só na elucidação definitiva do diagnóstico, mas, sobretudo prestou-se ao tratamento da afecção, permitindo a ressecção do apêndice e a ampla limpeza da cavidade. Assim, mesmo em caso de peritonite difusa, o método auxilia na aspiração efetiva dos recessos abdominais e na lavagem contínua do abdômen durante o procedimento.
A apendicite aguda pós colonoscopia é uma situação que deve ser sempre lembrada em casos de dor abdominal após o exame. A tomografia e a laparoscopia exercem importante papel no diagnóstico e tratamento desta complicação.
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